A Psoríase é uma doença crônica, autoimune e inflamatória, não contagiosa, que acomete exclusivamente a pele em cerca de 90% dos pacientes que chegam aqui no consultório com esta doença. Mas em cerca de 10% deles, pode acontecer acometimento de articulações, o que chamamos de artrite psoriásica. Ela pode aparecer na pele do corpo, mas também nas palmas e plantas, couro cabeludo e até nas unhas.
Segundo dados da OMS, a Psoríase atinge cerca de 3% da população mundial e pode atingir tanto homens quanto mulheres que estão na faixa de risco (30 a 70 anos). Apesar de mais raro, tenho alguns pacientes crianças e em idosos com mais de 70 anos com psoríase.
Nesse artigo você vai encontrar:
- Os gatilhos da doença
- Os tipos de Psoríase
- O tratamento para a doença
Por que gatilhos e não causas da psoríase?
A Psoríase é uma doença multifatorial, relacionada com fatores genéticos, ambientais ou autoimunes. Ainda não se sabe a causa dela, mas sabemos que existem alguns gatilhos, fatores que contribuem para seu surgimento:
- Predisposição genética
- Estresse
- Tabagismo
- Obesidade
- Determinados medicamentos – anti-inflamatórios, corticoides, alguns medicamentos para hipertensão arterial e anticoncepcionais
- Alcoolismo
- Frio (Inverno)
- Baixa vitamina D
Esses fatores podem levar ao início ou agravamento da Psoríase.
Os tipos de Psoríase
Ela se manifesta através de lesões arredondadas e em placas elevadas, avermelhadas e descamativas.
As manifestações da doença podem ser leves, moderadas ou até mesmo graves. O que define isso são escalas de pontos que executamos durante o exame na consulta Dermatológica (PASI), a área corporal acometida (BSA) ou o impacto na qualidade de vida do paciente (DLQI).
Consideramos graves todos os pacientes com PASI ou BSA maior que 10% da área corporal de pele acometida.
Os casos mais leves são os mais frequentes. Já os casos mais graves podem apresentar complicações na saúde do paciente, resultando em problemas cardiológicos e vasculares, como infarto e AVC. Quando existe doença das articulações, sempre consideramos como um paciente grave.
Apesar de citar esses sintomas acima, a manifestação e intensidade da doença pode variar de acordo com o tipo de Psoríase, que pode ser:
- Psoríase em placas: lesões vermelhas e descamativas que atingem qualquer área da pele, mais frequentemente cotovelos, joelhos, pernas e couro cabeludo.
- Psoríase gutata: pequenas lesões avermelhadas em forma de gota, atingindo o tronco e membros. É mais comum em crianças e adolescentes.
- Psoríase palmo-plantar: lesões que aparecem na palma das mãos e na sola dos pés.
- Psoríase pustulosa: é uma das mais graves entre os tipos da doença. São lesões vermelhas com bolhas e pus, podem atingir todo corpo ou se concentrar em apenas uma região, preferencialmente palmas e plantas.
- Psoríase invertida: as lesões avermelhadas surgem em áreas do corpo que mais suam, nas dobras, como embaixo dos seios, axilas e virilha.
- Psoríase eritrodérmica: o corpo inteiro fica vermelho, mais de 90% da pele. É o tipo mais raro da doença.
- Psoríase ungueal: as lesões se manifestam nas unhas, que passam a crescer de forma irregular, podendo aparecer manchas amareladas, brancas ou pequenos furinhos.
- Psoríase artropática ou artrite psoriática: a inflamação passa da pele para as articulações e os sintomas são parecidos com artrite.
Veja algumas imagens que ilustram os casos:
Psoríase palmo-plantar
Psoríase invertida ou das dobras
Gutata – em forma de gotas
Psoríase nas unhas
Psoríase no couro cabeludo
O tratamento para a doença
O diagnóstico de Psoríase deve ser feito por um dermatologista para que seja feita a avaliação do quadro. Por ser uma doença crônica, não existe cura, mas é possível controlar a doença através do tratamento, que possibilitará que o paciente recupere a qualidade de vida e fique livre da doença. O tratamento é individualizado, de acordo com o grau de gravidade, e pode ser realizado através de cremes, pomadas, medicamentos orais ou injeções.
Hoje sabemos que os casos graves (acima de 10% do corpo acometido ou com artrite) devem ser tratados obrigatoriamente. Neste caso, a doença é sistêmica, podendo levar a sérias complicações, como infarto, AVC (derrame), aumento de colesterol diabetes e outras doenças auto-imunes, como as doenças inflamatórias intestinais.
Nesses casos os medicamentos serão orais ou injetáveis, sendo os imunobiológicos (Humira, Stelara, Cosentyx, Skirizi, Tremfya, Remicade – nomes comerciais) o que temos como tratamento de ponta hoje. Eles têm a capacidade de limpar até 100% da pele dos pacientes, além de serem muito eficientes nas dores articulares. São o tratamento do futuro da Dermatologia, mas que hoje já estão disponíveis, inclusive pelo SUS. Tenho diversos pacientes que tiveram suas vidas revolucionadas e estão muito satisfeitos hoje com estas terapias.
Porém, é fundamental que o paciente não se automedique quando surgirem os primeiros sintomas. Procure ajuda do Dermatologista e, caso precise, conte comigo para te ajudar!